Doença de Parkinson

História e epidemiologia

Para retomar a história da doença de Parkinson dois personagens importantes precisam ser lembrados. O primeiro, o médico inglês James Parkinson, que em 1817 cunhou o termo “paralisia agitante” para identificar a rigidez e o tremor, sintomas comuns na doença. O segundo, o médico francês Charcot, que identificou a lentidão dos movimentos (bradicinesia) como o principal sintoma da doença e quem modificou o nome “paralisia agitante” para doença de Parkinson, homenageando seu colega inglês.

Quase dois séculos de história se passaram e hoje o cenário da doença de Parkinson é bem mais desafiador do que antes. E isto tem um motivo simples. As pessoas vivem mais e o envelhecimento está diretamente relacionado com um maior número de casos da doença. Estima-se que no Brasil, por exemplo, o número de casos da doença, hoje cerca de 200.000, mais que dobrará nas próximas décadas. E certamente o envelhecimento não é o único fator responsável pela doença. Basta lembrar dos casos de doença de Parkinson de início precoce (antes dos 50 anos). Outros fatores como genética, celulares (mitocôndria), toxinas (pesticidas, solventes), infecções (vírus) contribuem para desencadear o processo neurodegenerativo.

Diagnóstico

Felizmente, hoje o diagnóstico precoce com técnicas de imagem molecular é uma realidade e disponível no Brasil. São exames realizados em centros de medicina nuclear, nos quais o paciente recebe um radiotraçador via endovenosa que se liga de maneira reversível a regiões do cérebro que contêm neurônios dopaminérgicos. Assim, este exame complementar, quando indicado, poderá auxiliar o clínico no diagnóstico de casos duvidosos.

Tratamento

Atualmente, a doença de Parkinson é sem dúvidas a doença neurodegenerativa com a mais ampla possibilidade de tratamento, seja com medicações seja com cirurgia. E justamente estes dois pilares do tratamento são os pontos mais promissores no desenvolvimento de novas tecnologias, por exemplo, medicações via oral de longa duração, adesivos subcutâneos, transplante de células tronco mais seguros e eficazes e cirurgia de estimulação cerebral profunda com geradores de pulso (baterias) mais duradouros e sistemas de auto-ajuste “inteligentes”.

As medicações usadas para doença de Parkinson e disponíveis no Brasil com melhor controle dos sintomas motores são a levodopa e os agonistas dopaminérgicos. Outras medicações têm seu uso de maneira mais seletiva, por exemplo, os inibidores da monoamino-oxidase B (selegilina), os anticolinérgicos (biperideno e trihexifenidil) e a amantadina podem ser utilizados para tratar pacientes na fase inicial dos sintomas motores, uma vez que têm efeitos bastante modestos. A amantadina, em particular, também pode ser utilizada para o tratamento das discinesias, uma complicação relativamente comum do uso da levodopa. Finalmente, das medicações disponíveis no Brasil, o entacapone auxilia na diminuição das flutuações motoras que ocorrem na doença de Parkinson.

Cabe lembrar que a maioria dos parkinsonianos podem apresentar outros problemas não-motores como transtornos do humor, transtornos do sono, alterações do hábito intestinal e urina, sintomas psicóticos e alterações cognitivas, comprometimento do olfato entre outras questões que o médico assistente deverá auxiliar a manejar.